Um tempo
Passa: Rápido ou devagar?
Relativo ou incisivo?
Ta cansado, esgotado
Revigorado, novo na folha
Tô legal, já deu
Tá dando tempo
Avulso ou parcelado
Tem dado tempo
Pro tempo não perder seu tempo
E quanto tempo hein?
Dei um tempo...
sexta-feira, 17 de julho de 2015
terça-feira, 9 de setembro de 2014
Só pra lembrar
O bárbaro, que é tido como, de certo modo, primitivo da Europa
O índio, visto pelas embarcações, como primitivo da América
Da mãe África, surgiu o grande batuque do mundo
Ásia e Oceania estão muito distantes agora, mas não esquecidas
O bárbaro teve em seu limiar, sede por conquistas, por dominar e destruir
O índio teve em sua luz estar em paz com os seres fora da matéria
E mãe África, chora pelo seu desprazer de estar nesse mundo
Ásia e Oceania continuam, infelizmente muito distantes
O tempo se transformou, vide o relógio...
A Europa dorme em cima do sonho de conquistar e se impor no mundo
Fez até seu filho na América do Norte que também se enganou com o mesmo sonho
Da América, formou-se um espelho e paz virou coisa de cinema
A natureza não é mais fauna-flora e sim outdoors e propaganda
A mãe África, agoniza doente e esquecida pelos merecidos
O Oriente, visto daqui desse pedacinho de Ocidente...
Continua muito distante
Parecendo quase inexistente
O índio, visto pelas embarcações, como primitivo da América
Da mãe África, surgiu o grande batuque do mundo
Ásia e Oceania estão muito distantes agora, mas não esquecidas
O bárbaro teve em seu limiar, sede por conquistas, por dominar e destruir
O índio teve em sua luz estar em paz com os seres fora da matéria
E mãe África, chora pelo seu desprazer de estar nesse mundo
Ásia e Oceania continuam, infelizmente muito distantes
O tempo se transformou, vide o relógio...
A Europa dorme em cima do sonho de conquistar e se impor no mundo
Fez até seu filho na América do Norte que também se enganou com o mesmo sonho
Da América, formou-se um espelho e paz virou coisa de cinema
A natureza não é mais fauna-flora e sim outdoors e propaganda
A mãe África, agoniza doente e esquecida pelos merecidos
O Oriente, visto daqui desse pedacinho de Ocidente...
Continua muito distante
Parecendo quase inexistente
terça-feira, 29 de abril de 2014
O banzo tocado pelo banjo na propaganda de um preconceito infinito
A palavra banzo, de origem africana, foi um comportamento psicológico que se
inundava de melancolia no que tange aos negros escravizados no Brasil,
oficialmente durante o período de 358 anos (1530 – 1888) historicamente marcada
nas lápides do mundo. Pode-se dizer que o sentimento banzo, quer dizer uma espécie de melancolia em relação ao regime
privativo de liberdade ao qual estavam expostos, lançados feitos anzóis cegos
em um profundo mar de depressão e nostalgia. Esse sentimento que combinava além
da melancolia, pura ira, fazia muitos negros cometerem suicídios, greves de
fome, abortos e até mesmo infanticídios. O viés de resistência à opressão não
fica de fora deste comportamento. E me parece que esse banzo ainda é uma
melodia nas terras brasileiras, uma melodia pra lá de desafinada e tocada pelo
agora incandescente banjo digital da vida capital. O banjo é um instrumento que
também foi desenvolvido por escravos negros (dessa vez dos Estados Unidos) nos
arredores do século 17 e depois sendo usado no século 19 por “vagabundos
iluminados” (com o perdão do trocadilho). No Brasil, há relevantes aparições do
instrumento em meados de 70, com Almir Guineto incorporando-o no samba. O
século é 21, a idéia dada é de pós-modernidade e a dinâmica dos fenômenos desde
os “iluminados” de outrora, aparentemente, é progredir sem cessar. Ouvi dizer
outro dia que o futuro é tecnológico, rápido, preciso e compacto.
Neste fim de semana, Daniel
Alves, conhecido jogador de futebol teve em seu bojo interior a fase de ira do
banzo. Após um torcedor jogar uma banana em campo, Daniel apanhou a mesma e
comeu em uma atitude de resposta inusitada e ‘nova’ para os padrões do racismo
nos gramados europeus. Historicamente, as arenas dos gramados do velho
continente continuam expurgando suas mentalidades colonizadoras e racistas com
a desculpa das emoções do esporte mais contagiante do mundo. Espanha, Itália e
Rússia são alguns exemplos dados. Pessoalmente esse tipo de ofensa é
completamente imbecil, é um tipo de atitude que está longe de ser comparado com
uma atitude selvagem. Jogar banana nesse contexto, além de desperdício de
comida é falta de reflexibilidade, mas casos a parte não é o barato da
discussão.
Não somos juízes do santo oficio
para julgar o certo e o errado em cima de Daniel Alves que teve até seu mérito
pela atitude, uma tentativa de enfrentamento rente ao preciosismo europeu, à
sua maneira ele respondeu para uma cela cultural que vem nos atravessando há
séculos: o racismo. TODOS sofreram ou sofrem com essa mazela da RAÇA HUMANA,
unitária em sua biologia e multilateral em sua psicologia, na circunstância em
destaque foi possível se dar o troco, revidar a ofensa que foi uma em outras
milhões. Faço a pergunta: Quantas “bananas” são jogadas às vítimas de qualquer
preconceito? Quantas dinamites psicológicas são arregaçadas dentro dos negros
do Brasil? Pela mídia, pelas ruas, por escolas e pelas vielas imundas são
diagnosticadas uma infinidade. Um legado histórico melancólico travestido de
marketing e hipocrisia.
Rapidamente as redes sociais,
aparentemente veículo-mor das infinitas informações, borbulharam, conjunto à
continuidade de comportamentos racistas, como o caso do Tinga na Copa
Libertadores e alguns outros aqui mesmo no Brasil. Parece que a atitude de
Daniel refletiu um estopim de um descaso e rapidamente fotos foram
multiplicadas nas redes sociais em apoio ao lateral-direito do Barcelona.
Celebridades, iluminadas pelas razões dos holofotes, fizeram uma corrente de
louvor com seus smartphones em ‘selfies’ destinadas ao apoio e ironizando o
acontecimento. Todas as fotos publicadas em suas redes sociais para a
“promoção” da causa contra o racismo, inchadas de hashtags como “somos todos
macacos”.
Seguem alguns desses famosos:
Definitivamente, vivemos em uma Sociedade do Espetáculo. Antes de mais
nada, encaminha-se um outro questionamento: Qual dessas celebridades de fato já
sofreram o preconceito? Não a visão simplista dada por alardes midiáticos,
telenovelas ou factóides bobalhões cuspindo realidade. Quantos negros estão
engajados em bater uma foto de si com um uma cara de bunda e uma banana na mão?
Quantas outras vítimas tomaram a causa dessa forma? Os muitos sujeitos
lubridiados pelos holofotes se sentem no direito de reivindicar por sua
persona, de padecer ao espelho de Narciso e ganhar mais curtidas, tweets, likes
a merda que o seja.
Garanto que como negro, morador
da Baixada Fluminense, eles jamais receberam o cacho de bananas
psicologicamente forjado e atirado por essa mesma mediana classe que reflete
com banana na mão. Essa espécie de pensamento vem daquele tipo de gente que
quer reivindicar os direitos até dos quais não possuem direitos e se isentar de
todos os deveres. É o nariz da ignorância respirando arrogância a torto e a
direita. Não, eles não estão nas vielas do underground
na espreita por um pão ou por um sonho, caminhando e sendo abarrotados em
lotações. Promoção, liquidação, pechincha pessoal e intencional. A voz digital e
a indústria cultural nos induz a pensar que aparecer por apenas reproduzir é
importante, agrega o tal valor. Esse modo de pensar a vida vem sendo
constituído em todas as camadas sociais: ações reproduzidas sem um pingo de
reflexão. Como dito anteriormente, o futuro é tão compacto que basta você
apertar um botão pra estar dentro do mundo. Eles podem ironizar isto porquê
estão isentos do preconceito real, seus status, fama e credenciais lhe dão
livre acesso para isso.
Diziam as vovós das ruas: “De boa intenção, o inferno está cheio”.
É aonde entram os capetas marketeiros.
Um dia após todo o descaso contínuo e quase infinito desse racismo, foi
veiculado na internet que a campanha “somos todos macacos” aderida pelas
celebridades tem envolvimento com agências de marketing e grifes de roupas, que
rapidamente já lançaram moda em um ano de copa em território nacional.
Inclusive encabeçadas pelos indivíduos que postaram fotos em redes sociais.
Neymar e Luciano Huck pela “boa causa” capital já se lançaram ao mercado junto
com a trupe sanguessuga da desgraça alheia. Esses dois links direcionam um
pouco a leitura:
O argumento me parece, é a defesa
da constituição da raça brasileira e o fim do racismo aparentemente só nos
gramados. Não há nada de falho ou ignorante nisso, creio que é um processo
meticulosamente construído, para remediar e distrair a massa, fazer das telas
um espetáculo e diversão.
Sorrir é bom, mas pensar te faz
sorrir mais ainda. O marketing e a cultura capital rapidamente se engajam na
bandeira da consciência humana, o brado retumbante da igualdade. Mas e o que
dizer da banana jogada ao ator Vinícius? Acho que ta mais pra um abacaxi quente
e que ninguém quer descascar. E o corpo de Cláudia arrastado em plena luz do
dia na cidade? Merece uma campanha? E o Amarildo? Que tal fazermos camisas com
os dizeres “Onde está o Amarildo?” A política ainda nem tirou da subjetividade
essas campanhas, a sociedade esqueceu o sangue manchado e o marketing não vê
demanda nesses casos. Esses são três personagens reais, que estão em nosso
cotidiano e não na televisão. Para eles, não é bonito e interessante pensar
nisso, não é engraçado e já ouvi dizer que não é “problema meu/seu/nosso”
Você vendo essa foto acredita na
credibilidade desta campanha? Você se sente realmente um macaco vendo isso?
Não,
eu não sou esse tipo de macaco. Posso talvez pela ciência atribuir que temos
nossos ancestrais os macacos, mas num sentido de unidade humana. Se for pra ser
macaco, prefiro me tornar um macaco
espacial e cantar a canção “Monkey
Gone to Heaven” da banda Pixies.
Na tradução: “Se
o homem é 5
Então o diabo é 6
E se o diabo é 6
Então Deus é 7
Este macaco vai para o céu”
Então o diabo é 6
E se o diabo é 6
Então Deus é 7
Este macaco vai para o céu”
Essa criação de um pertencimento
com o animal sempre foi vista como ofensa e agora do nada isso se torna
orgulho? Conscientização e campanha contra o racismo? Há um pecado pelo excesso
de carnavalização e moral de marketing, abstrair a ofensa é digno, é
espirituoso demais para nós. Mas esquecer dos que sofrem com isso e fazer uma
imensa propaganda contraditória é subestimar a inteligência de quem recebe bananas
e digere o banzo todos os dias. Esse vídeo bobo achado no youtube é uma idéia
superficial e avessa a esse marketing hipócrita e essa necessidade de aparecer
e promover.
(Somos
Todos Macacos)
Não somos todos macacos, somos
SERES HUMANOS! Iguais em nascença e iguais a sete palmos de terra. É de extrema
maldade essa campanha em tempos de espetáculo e promoção pessoal, é hipocrisia
com os negros que ainda sofrem com o banzo contemporâneo, aqueles que estão
sendo olhados de forma vertical pelos feitores digitais. O negro no Brasil,
pela mesma transformação desse banzo, ainda não achou seu lugar como ser
humano, ainda não foi oferecido o espaço que se deve pra todos, só foi vendido.
O preconceito vem tomando formas dinâmicas e micro-sociais se alastrando
infinitamente na raça humana, o banjo criado pelo negro e o banzo sentido pelo
mesmo irmão vem se saturando numa panela de pressão refletida em outdoors,
propagandas, redes sociais e consciências. A melancolia e depressão vêm sendo
sentida por séculos. Por que fazer campanha com bananas nas mãos e esquecer-se
de Martin Luther King, Zumbi, Mandela e outros panteras negras? Por que esse
futuro tecnológico insiste em querer apagar a Filosofia e História? Pra que se valer da desgraça pra promover? A
luta parece estar longe de um fim nesse banzo moderno, mas apesar de tudo
alegra-me fazer parte de um povo que não tem raças distintas. Por mais negro,
branco ou indígena que você pense ser, você não é puro e ser raça pura não é
orgulho. Somos a mistura de uma grande nação, uma vitamina carregada de bons
frutos que só podem ser bebidos com muita reflexão e consciência. Que tal parar
pra pensar que somos seres humanos e desconectar desse smartphone? Que tal
esquecer que somos somente indivíduos por si? Uma ode à raça HUMANA. Chega de
querer ser vitrine pra esse preciosismo europeu...
Sou amante da música e das artes
e acho essas vias válidas pra destruir qualquer forma de tradicionalismo,
conservadorismo e preconceito. Lembrando a idéia do banjo e do banzo me veio na
cabeça esse outro pantera negra: Robert Johnson, pois em tempos de adoração ao
Elvis e toda sua imagem, sem esse camarada nada seríamos. Ele que com seu
“banjo” cantou pra fora os “banzos” vividos no Missispi. Sem ele grande parte
da música não teria existido.
Esse texto é meramente um
desabafo e não tem pretensão maior que essa, se afasta de qualquer investida
teórica ou cadeia nas regras acadêmicas. Destina-se com carinho para aqueles
que, assim como eu, recebem bananas todos os dias e não baixam a cabeça pra
isso. Sobrevivem sobre essa irracionalidade da racionalidade. O tempo é de
progresso, mas é carregado de angústia e incoerências. Não é interessante pra
reflexão aceitar tudo o que a mídia nos oferece, por mais bonito que seja,
existe muita má-fé nesses processos massivos. Só quem vive na rua sabe o que se
sente, não é dentro de uma tela que eu vou me sentir humano, não é em rede
social que nos igualamos.
Encerro com um trecho de mais uma
canção do Dead Fish cujo título é Mulheres
negras:
Jonathan
Luiz
quinta-feira, 24 de abril de 2014
Caminho para fora do visível
pirotecnia sólida, baseada no psicológico sintético.
Édipo, idílico, soturno envolvente. de saturno no pingente.
coliseu, panteão ou olimpo.
eles querem vivo, eles querem vivo.
pra poder julgar e mostrar de exemplo.
Exemplo prático de uma situação teórica.
se bem que a teoria não se aplica a pratica.
como se praticar uma teoria que relativiza sobre a realidade?
pratico insensivelmente o fora do visível
o que me planta no infinito
prefiro estar fora dessa finitude prolongada
que nem sequer deixa eu colocar meus pés no chão...
Édipo, idílico, soturno envolvente. de saturno no pingente.
coliseu, panteão ou olimpo.
eles querem vivo, eles querem vivo.
pra poder julgar e mostrar de exemplo.
Exemplo prático de uma situação teórica.
se bem que a teoria não se aplica a pratica.
como se praticar uma teoria que relativiza sobre a realidade?
pratico insensivelmente o fora do visível
o que me planta no infinito
prefiro estar fora dessa finitude prolongada
que nem sequer deixa eu colocar meus pés no chão...
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
Contra x Cultura
A contracultura está se tornando consumo, como os juros do mundo
Perdida nas prateleiras da estética, confundida nos códigos de barra
Vítima convicta de um mero status
Padronizada em moldes de mercado
Bela e arrumada, sem explicação
Sua essência vem sendo arruinada, para novas tendências práticas
O virtual transa com o real para parir a insignificância do ser
Perdida nas prateleiras da estética, confundida nos códigos de barra
Vítima convicta de um mero status
Padronizada em moldes de mercado
Bela e arrumada, sem explicação
Sua essência vem sendo arruinada, para novas tendências práticas
O virtual transa com o real para parir a insignificância do ser
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
Domínio
Domínio
Acordo
e ligo MINHA televisão, assisto MEUS canais e saio da MINHA casa. Vou até MEU
trabalho e depois sempre que posso encontro MEUS amigos para papear, divagar e
outras coisas sobre MINHAS coisas e as coisas DELES. Reparo que por um
instante, está tudo basicamente apossado e a caixa alta nesse “textículo” se
faz ainda que necessária na demandas e ofertas da pós-modernidade: tudo e nada
são meus, são nossos e são seus. Amém né?
No
que titulam de pré-história, do desenvolvimento científico do homem, a intenção
do domínio pelo menos relatado pelos arquivos era fundamentada nas ações dos
homens – primitivos em sua raiz. Homens que dominavam outros homens e
legitimavam a posse de seu domínio a fim de acumular aquela posse e ditar as
leis daquele momento. Séculos depois, a coisa parece se exatamente confirmada
em moldes mais mirabolantes e até místicos. O tempo vai passar e o ocidente vai
ser dominado pela filosofia, que vai ficar dominada pela heresia romana, que
vai ser dominada pela barbárie germânica e que vai abarcar os sonhos da média
idade dos confins do medievo. Os homens incansáveis no seu triz vão dominar e
invocar o dogma feito um ritual tribal pra efetuar e equacionar seus domínios,
onde até o sagrado e o intocável se torna um domínio. Recorto meus impulsos de
pseudo-domínio da História e atento para um momento que vai rasgar todas as
outras formas de dominação e propriedade e vai se arrastar feito uma dor
crônica, só que medicada com muito analgésico, pela atemporalidade. A formação
daquela classe burguesa e da dinâmica do capitalismo vai ser duradoura e eficaz
quando se tratar de dominar, eficaz no sentido de que o tempo para esse sistema
é muito que relativo, eles dominam e nós também. Essa questão é uma coisa muito
antiga e até fito de sobrevivência principalmente na raça humana. É preciso
conquistar, dominar, separar e amedrontar e assegurar os dominados. Vão além
dos bancos de dados teóricos, políticos, práticos e psicológicos: no autodomínio
de si mesmos iremos invadir territórios, separar os poderes, explorar e
garantir posses, remediar através de muito cinismo e violência e criar um
protocolo pra proceder todo esse jogo de ex-equilíbrio. Os resultados disso
acho que boa parte das pessoas sabem: uns desconsideram e outros consideram
suficientemente pra executar esse roteiro fielmente.
Mas
o que quero alertar é que parei pra pensar nisso, numa contemporânea esfera das
coisas de que como essa sensação de dominar e ser dominado parece uma coisa
enraizada no nosso cérebro e que como isso é inútil e doloroso pra nossas
vidas. Não é um panfleto anarquista, por mais belo que seja ainda humildemente
vejo sua impraticabilidade por culpa desse domínio metafísico inato nos seres
humanos, é mais uma reflexão de como nós estamos reféns de uma consciência que
automaticamente nos liberta e oprime, de que rastros do ultra-passado estão
ainda neo-conservados. Nós temos uma ânsia e ganância por querer as coisas seja
conhecimento ou material, passamos mais da metade da vida querendo dominar algo
ou alguém, querendo ter posse e separando as coisas e cinicamente somos dominados
por outros seres que já estão dominados em sua forma total. Os Estados são uma
dominação, o próprio espaço sideral é um domínio e uma posse e olhem bem, nem
um petulante ser humano conseguiu sequer descobrir o que é este espaço. Deus virou
um domínio pra legitimar a moral e a ordem, médicos e psicanalistas te dominam
dizendo que tomar, as empresas nos dominam determinando estatísticas de como
agir e nos comportar, determinando e estipulando sinais totais de controle dos
quais nossos anseios por domínio nos afastam dessa percepção, escolas e
universidades dominando seus alunos conforme suas metodologias, nossos pais nos
dominam dizendo o que fazer e o que vencer numa vida que é somente pra ser
vivida. E aqueles que pensam abstrair todas essas expressivas mazelas da vida
estão agindo conforme a dança da dominação crônica, por si só expressam uma
saída alternativa daquilo que se utilizam para agirem como funcionários da
verdade querendo dominar aqueles que não falam sua verdade. O homem moderno é intencionado
a viver civilizadamente e socialmente conforme regras inseridas por uma
anterior dominação e ainda assim dentro dele, por mais humano que seja ele quer
dominar algo alheio e ter posse daquilo como uma estatueta interior ou exterior.
Domínio, posse e controle são as raízes imperfeitas dos seres humanos.
A
dor maior desse fragmento é perceber e fazer parte dessa dinâmica, vendo que minhas
armas para combater isso se esvaziam no caos da multidão multilateral, na
rotina, no relógio e na folha de ponto que vai calhar o contracheque. Creio que
o maior investimento daquele capital, foi dominar não os povos, a autenticidade,
a cultura e a tecnologia. Foi dominar de modo imperial a ignorância alheia, a
ignorância que alimenta e universaliza essa espécie sádica e segura de
dominação. Eu tava parado no ponto de ônibus quando passa um carro com uma mera
canção do funk carioca que repetia deliberadamente o seguinte refrão: “TÁ
DOMINADO, TÁ TUDO DOMINADO”
Jonathan Luiz
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
COLETÂNEA IN-SANA SONGS
COLETÂNEA IN-SANA SONGS
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